Desde criança que sempre ouvi dizer que “os de Tavira comem na gaveta “. Na verdade não entendia bem o que significava tal expressão. E das muitas vezes que me tenho deslocado a Tavira nunca perguntei a qualquer tavirense o significado da frase que toda a vida nos habituámos a ouvir.
Hoje por acaso, encontrei num Jornal on line “O Estadão”, algo de muito interessante sobre este assunto. E mais fiquei a saber que no Brasil em alguns lugares do seu extenso território também era prática corrente «comer na gaveta ». Ora vejam só a explicação dada no referido jornal sobre este assunto que muitos ouviram falar mas nada sabem do assunto e outros nem chegaram a ouvir alguma vez.
““ Houve tempo em que os habitantes da cidade de Mariana, em Minas Gerais, Cuiabá, no Mato Grosso, e Araras, Campinas e Itu, em São Paulo, eram chamados de gaveteiros – era essa a qualificação popular. Em Portugal, tinham a mesma fama os moradores de Tavira, bonita cidade localizada a 30 quilômetros de Faro, na região do Algarve. Entretanto, no site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, assessorado pelo Ministério da Educação de Portugal, garante-se que jamais retratou a realidade. “Na verdade, Tavira (…) tem uma população muito hospitaleira, dando-se até o contrário do que a citada afirmação deixa no ar”, depôs o internauta Carlos Marinheiro. “Sempre que um forasteiro entra num lar tavirense na hora de almoço, arrisca-se a uma zanga se recusar a comida que, de imediato, oferecem-lhe.”
Os moradores da cidade acham que ganharam fama de gaveteiros porque, no passado, o comércio local não fechava na hora do almoço. Sem possibilidade de comerem em casa, os donos e os empregados dos estabelecimentos se alimentavam no trabalho. Quando chegava um cliente, enfiavam o prato na gaveta. No momento em que ia embora, reiniciavam o almoço. Por precaução, alguns mantinham o prato sempre escondido. Comiam abrindo e fechando a gaveta. Eduardo Frieiro, no livro Feijão, Angu e Couve (Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1982), explica de outra forma a reputação de Mariana. Afirma que seu povo, tendo poucos recursos, não escondia o prato por sovinice, mas por vergonha do que ele continha. “”
Fotos: Maria Ceu Calcinha e Fernando Ricardo