Quem viveu os tempos da Guerra Colonial recorda-se certamente do «teatro» montado na Praça do Comércio pelo regime de António Oliveira Salazar no feriado de 10 de Junho o tal a que chamavam “Dia da Raça”. Perfilados perante multidões silenciosas militares, governantes e medalhados aguardavam a hora das condecorações. Pais, viúvas, filhos tentavam controlar a emoção na altura em que altas figuras do regime lhes punham ao peito as célebres medalhas com que tentavam pagar a morte dos jovens militares das Guerras nas Colónias. E assim foi, até à chegada do dia que nos libertou do indigno regime em que vivemos mais de quarenta anos.
Hoje as medalhas são outras e …..bem diferentes por sinal.
“……Para quem fez a guerra colonial e não perdeu a sensibilidade, é com um misto de revolta e de vergonha que vê os nomes de Camões e de Portugal associados à palhaçada que a ditadura montava para legitimar a guerra ignóbil em que destruiu uma geração..
Já saí da guerra colonial há mais de quarenta anos e dos 1 465 dias que passei na tropa, nunca saíram de mim os 26 meses de Moçambique, o Moura que o rio Zambeze levou e o Dias cujo corpo esmagado ainda sinto nos braços e me fez sangrar por dentro. – Sorumbático”
– Fonte : Ponte Europa – Fotos Net
O regime de malfeitores que foi o do Estado Novo ainda tem contas a pagar à maioria dos portugueses. Kali
Uma Guerra que decepou uma geração de jovens portugueses que nada tinham a ver com colonialismo nem com interesses de grandes senhores em terras de África. >Não há perdão para este sofrimento. Zeca
Todas as familias portuguesas tiveram pelo menos um familiar que foi à Guerra das Colónias. Para quê ? Todos os países do mundo já tinham entregue as colónias aos seus verdadeiros donos. E nós ?
Há pessoas desta geração que não passaram por nada e que hoje têm o rei na barriga como se fossem donos da verdade. É bom que os antigos combatentes falem aos seus menbros da familia que são agora ainda jovens sobre o que passaram as gerações anteriores. Nao foi fácil e hoje pouco lembrados.
Maldita Guerra que nos levou familiares e amigos enquanto por cá os Salazares e Companhia vivam nos seus gabinetes trancados com medo das correntes de ar.
QUem já escutou a Valsinha das Medalhas gostou conerteza. Eu gosto e aqui deixo a letra:
Valsinha das medalhas
(Carlos Tê e Rui Veloso/Rui Veloso)
Já chegou o dez de Junho, o dia da minha raça
Tocam cornetas na rua, brilham medalhas na praça
Rolam já as merendas, na toalha da parada
Para depois das comendas, e Ordens de Torre e Espada
Na tribuna do galarim, entre veludo e cetim
Toca a banda da marinha, e o povo canta a valsinha
Encosta o teu peito ao meu, sente a comoção e chora
Ergue o olhar para o céu, que a gente não se vai embora
Quem és tu donde vens, conta-nos lá os teus feitos
Que eu nunca vi pátria assim, pequena e com tantos peitos
Já chegou o dez de Junho, há cerimónia na praça
Há colchas nos varandins, é a Guarda d’Honra que passa
Desfilam entre grinaldas, velhos heróis d’alfinete
Trazem debaixo das fraldas, mais Índias de gabinete
Na tribuna do galarim, entre veludo e cetim
Toca a banda da marinha, e o povo canta a valsinha.
Valsinha das medalhas – Rui Veloso
Vale a pena ver este documentário sobre as mulheres que não foram à guerra colonial mas que ficaram stressadas como se lá tivessem estado.
http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/stress-de-guerra-das-mulheres-do-ultramar102215537